A VALIDADE DAS HIPÓTESES: VERIFICABILIDADE VERSUS FALSIFICABILIDADE.

A concepção clássica do método científico considera que a ciência parte da observação de factos e recorre ao raciocínio indutivo para formular leis/teorias científicas. Karl Popper rejeita a concepção clássica de ciência ao defender que:

  1. A teoria precede a observação, isto é, não existe observação pura;
  2. O método da ciência não pode assentar na indução, pois esta não tem validade formal/lógica, os cientistas devem raciocinar dedutivamente; 
  3. Através do método hipotético-dedutivo, ao invés de pretender verificar, os cientistas devem tentar falsificar as consequências deduzidas da hipótese.
Como a verificação das consequências deduzidas da hipótese incorre na falácia da afirmação do consequente (de acordo com a regra do modus ponens a verdade do consequente não implica/garante a verdade do antecedente), Popper propõe que a metodologia que a ciência deve seguir é a do caminho inverso, ou seja, a falsificação, deste modo, respeita-se a regra lógica do modus tollens (a falsidade do consequente implica/garante a falsidade do antecedente).
Embora não rejeite o método hipotético-dedutivo, Popper propõe, em ruptura com os defensores da perspectiva vefiricacionista, um novo critério científico: qualquer hipótese científica tem de ser falsificável.
Popper designa o método da ciência que propõe como método de conjecturas e refutações, pois, enquanto uma teoria científica não for falsificada pode-se presumir que é corroborada (Uma hipótese ou teoria científica é corroborada por dados empíricos quando sobrevive a testes experimentais, isto é, quando não é refutada depois de ter sido posta à prova. Quanto mais severos são os testes, maior é o grau de corroboração que a teoria adquire.).

Apesar do enorme mérito que atribuímos à epistemologia popperiana, esta não pode deixar de ser criticada quanto aos seguintes aspectos: 
  1. A refutação não é prática/norma dos cientistas, não lhe está nos genes, pois, acima de tudo o cientista pretende confirmar as suas hipóteses e teorias; 
  2. A prática dos cientistas não podem deixar de recorrer à indução, podemos mesmo reconhecer na “corroboração” uma forma de indução.