A CONSCIÊNCIA MORAL

A consciência moral é uma competência avaliadora dos actos pessoais e dos alheios, a capacidade de discriminar entre o que é o bem e o que é o mal.
Qual a NATUREZA desta capacidade cuja manifestação no ser humano o eleva à dignidade de um ser moral?

  • A consciência moral tem uma base racional. Todos os actos humanos são julgados e avaliados pela razão, em função de valores livre e racionalmente escolhidos. Não é, pois, “às cegas” que concebemos e realizamos a acção. É com a intervenção do pensamento que tomamos consciência dos problemas, que os compreendemos e que equaciona-mos soluções que nos parecem possíveis. A racionalidade permite-nos analisar criticamente aquilo com que nos deparamos, avaliar as acções pessoais e as dos outros, confrontando o que queremos fazer com aquilo que julgamos que devemos fazer.
  • A consciência moral tem um elemento afectivo. As relações interpessoais manifestam na consciência uma componente emocional tão forte que é capaz de dinamizar a acção humana do mesmo modo que a razão. Por vezes, junta-se à razão, colaborando e reforçando o seu papel, ou, então, opondo-se-lhe e entrando em conflito com ela. Assim, quer os sentimentos positivos de amor, amizade, simpatia e fraternidade quer os seus contrários manifestam uma “lógica” própria que interfere de modo significativo na acção.
  • A consciência moral tem uma componente social. É interagindo com os outros e através do processo de educação que a consciência moral se vai formando. O seu desenvolvimento passa pela interiorização de um “dever-ser” que lhe vai sendo apresentado pelos diferentes agentes (família, escola, media, grupo de pares, etc.) no decorrer do processo de socialização.

A expressão “voz da consciência” torna-se significativa para se compreenderem as principais FUNÇÕES / PAPÉIS da consciência moral. Ela é, antes de mais, uma voz que chama, uma voz que julga, uma voz que coage e uma voz que sanciona. Neste sentido, a consciência moral desempenha as funções/papéis de ordem:

  • Apelativa, a consciência moral chama-nos para indicar que há valores, normas e deveres a que não podemos renunciar, isto é, orienta as nossas acções;
  • Imperativa, obriga-nos a agir de acordo com a hierarquia de valores que assumimos como nossos;
  • Judicativa, julga-nos de acordo com o que fazemos, tendo em conta os ideais/valores que seleccionamos para orientar a nossa vida;
  • Punitiva, sanciona-nos levando-nos a viver de “consciência pesada”, ou seja, a natureza dos actos praticados determina o aparecimento de sentimentos incomodativos de culpa, arrependimento, vergonha, remorso, etc.